A LogiTrack agenda a demonstração final do Projeto Atlas para o comitê executivo e para dois clientes estratégicos do segmento farmacêutico. O objetivo é validar, em ambiente real, a integração completa entre dispositivos, rede, segurança, pipeline de dados e painéis analíticos, exibindo a capacidade de detectar desvios, acionar equipes e comprovar conformidade operacional. É o teste de maturidade: provar que o sistema não só funciona, como sustenta decisões com previsibilidade, custo controlado e governança.

A preparação começa com um ensaio operacional. Três caminhões são programados para rotas com perfis distintos: SPC-023 (urbana de alta densidade), BH-118 (interurbana com zonas de sombra 4G) e CUR-042 (rodovia longa com trechos críticos de vibração). Os dispositivos estão provisionados por PKI com certificados individuais, mTLS ativo, secure boot, firmware assinado e política de rotação automática de chaves. No embarque, o operador escaneia o QR do lote farmacêutico; o sistema registra vínculo carga–veículo–rota e gera o contrato de dados para auditoria (SLA térmico 2–8 °C, janelas de agregação de 5 minutos, regras de qualidade e tempos de resposta).

Assim que os veículos partem, o broker MQTT recebe telemetria contínua com QoS 1/2 conforme o tipo de dado. Em trechos com oscilação de sinal, entra o buffer local + backfill HTTP. O pipeline aterra tudo em Bronze (imutável, versionado, com manifesto), valida contra Schema Registry, normaliza e depura em Silver (deduplicação idempotente, correção de unidades, validações físicas e geográficas) e publica modelos de negócio em Gold: fato_entrega_termica, fato_integridade_viagem e fato_pontualidade. A camada semântica expõe KPIs unificados: out_of_range_rate, mean_time_to_ack, mean_time_to_action, vibration_severity_index, on_time_rate e cost_avoided.

No Metabase, dois painéis conduzem a operação. O Operacional mostra mapa da frota com status por veículo, cartões térmicos por janela e barras de vibração por trecho, com drill-down para a ficha do veículo (todas as leituras, flags de qualidade, origem MQTT/HTTP, timeline de alertas). O Executivo consolida KPIs com tendência, intervalo de confiança e comparativos semanais, além de story strip com eventos relevantes (chuva, obras, manutenção). Cada card traz o selo “Fonte: Gold”, timestamp da última atualização e cobertura de devices; se a cobertura cai, o card é acinzentado e abre a trilha de auditoria.

Para a demonstração, a equipe injeta dois eventos controlados. No SPC-023, o time abre brevemente a porta do baú e simula falha do compressor: a temperatura sobe acima de 8 °C por 12 minutos. A regra térmica dispara em 90 segundos p95; o painel muda para vermelho, e o botão “Ação Operacional” cria automaticamente um ticket, notifica o motorista e recomenda parada técnica no ponto de apoio mais próximo. O motorista confirma o reset do compressor; o estado volta a amarelo e depois a verde quando a série retorna à faixa 2–8 °C. O painel registra MTTA (tempo para acusar) de 1,1 min e MTTAc (tempo para conter) de 9,6 min.

No CUR-042, uma seção de pista em obras gera vibração p95 acima do histórico + 2 desvios-padrão. O painel Integridade de Rota promove o trecho ao topo do ranking de risco; o workflow abre ordem de serviço para reavaliação de rota e agenda inspeção de suspensão. Em paralelo, um teste de resiliência desliga o 4G do BH-118 por 14 minutos. O buffer persiste as leituras localmente e reenvia por HTTP quando a cobertura retorna. Bronze recebe os pacotes atrasados, Silver deduplica e a janela Gold é reaberta via merge upsert com chave natural route_id + window_start, mantendo coerência dos KPIs. O selo de consistência confirma divergência Gold vs Silver ≤ 0,1%.

Durante a apresentação, o CTO destaca os SLOs operacionais pactuados e medidos ao vivo: disponibilidade da ingestão ≥ 99%, latência end-to-end p95 Silver ≤ 3 s, atualização do Operacional ≤ 60 s e do Executivo ≤ 3 s, falhas críticas de qualidade < 0,1%/dia. A área financeira exibe o KPI de custo evitado: a redução de perdas térmicas e de incidentes por vibração, ponderada pelos SLAs contratuais dos clientes, projeta payback em 18–22 meses, alinhado ao estudo econômico da Aula 2. O jurídico valida a trilha de auditoria: cada decisão tem evidência criptograficamente verificável (assinaturas, lineage, versões de esquema e código).

O comitê questiona escalabilidade e continuidade. Marina apresenta o plano de escala linear por partição de rota e shards de broker; Pedro cobre DR/BCP: multi-AZ, snapshots diários, infrastructure as code, testes trimestrais de restauração e simulação de perda de região com RTO de 2 h e RPO de 5 min. Juliana mostra o catálogo de dados com contratos versionados, data lineage fim a fim e testes Given-When-Then rodando a cada PR de transformação. Segurança é recapitulada: mTLS obrigatório, ACL por tópico, rate limiting, logs assinados, HMAC de payload, RBAC por papel e rotação automática de segredos.

Encerrada a demonstração, dois resultados ficam objetivos: tempo médio para ação reduzido em 37% na janela de teste e queda de 24% em incidentes de integridade térmica nos percursos simulados. A diretoria aprova a ampliação do piloto para 40 veículos e oficializa o Change Advisory Board para governar evoluções de esquema, novas métricas e integrações. O Projeto Atlas deixa de ser um experimento; torna-se plataforma operacional.

O post-mortem registra lições aprendidas: métricas de qualidade devem entrar como SLOs de negócio no contrato com clientes; late data precisa de tolerância por rota e sazonalidade; ações operacionais devem ser mensuradas com feedback loop até manutenção, reduzindo ambiguidade de causa e efeito. Próximos passos são claros: expandir cobertura de dispositivos, integrar NB-IoT em áreas de sombra, incluir modelos preditivos de risco térmico e desgaste, e publicar APIs externas para clientes consumirem dados certificados. A LogiTrack encerra o ciclo com uma constatação simples e poderosa: a estrada fala, o sistema entende e a operação responde em tempo.