Desenvolver software de alta qualidade envolve adotar práticas que garantam código confiável, manutenível e alinhado aos requisitos de negócio. Três práticas consagradas nesse sentido são o Test-Driven Development (TDD), a Programação Orientada a Objetos (OOP) bem aplicada, e o Behavior-Driven Development (BDD). Cada uma delas aborda a qualidade sob um ângulo diferente, e combiná-las pode elevar substancialmente a produtividade e a confiança no software.
Por que combinar essas abordagens? Em um cenário ágil e de entregas contínuas, TDD e BDD ajudam a entregar valor com qualidade e rapidez. O TDD força um design de código orientado a testes, levando a componentes desacoplados e bem delineados, enquanto as boas práticas de OOP fornecem a base para isso (código modular, reutilizável e robusto). Já o BDD assegura que construamos o software certo, validando continuamente comportamentos esperados em alto nível e servindo de documentação executável do sistema. Juntos, esses três pilares contribuem para um desenvolvimento ágil com menos bugs em produção, maior confiança em refatorações e software alinhado aos requisitos do negócio.
O Test-Driven Development (TDD) é mais do que escrever testes primeiro: é uma disciplina de design de código. Nesta seção, exploramos conceitos avançados de TDD, assumindo que a audiência já conheça o básico de escrita de testes em C#. Focaremos no ciclo Red-Green-Refactor, na estratégia da Pirâmide de Testes, nos diferentes níveis de teste automatizado, e no uso de dublês de teste (mocks, stubs, fakes) para isolar dependências em cenários complexos.
Um praticante rigoroso de TDD segue o mantra Red, Green, Refactor em micro-iterações constantes. Esse ciclo define o ritmo do desenvolvimento:
Calculadora.Fatorial(5) esperando resultado 120, antes de implementar o método.Calculadora.Fatorial de forma bem simples (até mesmo com um valor constante, se for suficiente) apenas para o teste passar.Calculadora.Fatorial (talvez trocar a recursão por loop, ou remover código duplicado) garantindo que os testes permaneçam verdes.Esse ciclo deve ser percorrido em pequenos incrementos. Cada iteração agrega uma pequena funcionalidade ao sistema. Ao seguir estritamente Red-Green-Refactor, o design do código evolui de forma emergente: primeiro fazendo o teste passar de forma básica, depois aprimorando o design continuamente. Importante: não “pule” a etapa de refatoração! A tentação de seguir em frente após ver o teste verde é grande, porém ignorar o refactor leva a um acúmulo de débitos técnicos. Lembre-se que o ciclo do TDD só se completa com a refatoração, garantindo um código de qualidade e fácil manutenção.
Uma dica avançada é escrever testes focados no comportamento esperado, e não em detalhes de implementação. Por exemplo, em vez de criar dezenas de testes para métodos privados ou funções internas de uma classe, foque nos métodos públicos e cenários de uso. Escrever testes unitários para cada função insignificante pode deixar a suíte lenta e frágil, sem benefício real. Prefira testar através da API pública classes e módulos, cobrindo suas saídas e efeitos observáveis. Isso torna os testes mais resilientes a refatorações internas (já que detalhes encapsulados podem mudar sem quebrar testes, desde que o comportamento externo permaneça correto). Em resumo: teste o que o código faz, não como ele faz.
Figura 1: Representação clássica da Pirâmide de Testes, com a base larga de testes de unidade, alguns testes de integração (serviços) no meio, e poucos testes de UI (ponta a ponta) no topo.
A Pirâmide de Testes é uma metáfora introduzida por Mike Cohn que orienta a distribuição equilibrada de diferentes tipos de testes automatizados. A ideia principal é ter uma base sólida de testes baratos e rápidos (unidade), suportando camadas menores de testes mais complexos e lentos (integração e UI), em formato similar a uma pirâmide. Isso se traduz normalmente em três níveis principais (de baixo para cima):
CalcularFrete() de uma classe CalculadoraFrete retorna o valor correto para determinados inputs, substituindo o repositório de dados real por um stub ou mock.PedidoService.ProcessarPedido() interagindo com um banco de dados real (ou em memória) e um serviço de pagamento fake.